Porque continuar produzindo leite ?
Publicado por: MilkPoint
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Pode parecer um absurdo a frase, mas na verdade é mais um questionamento ao mundo atual.
Cada vez que alguém fala que vai parar com a atividade leiteira, sempre aparecem os que culpam o produtor por não ter a tecnologia adequada, não investir na produtividade, não seguir os ditames do mercado, não ter paciência para que haja melhora do setor.
No entanto, este é um setor muito interessante mesmo. Para que possamos produzir o leite, há necessidade de pelo menos uma vaca, de uma área onde esta vaca deve estar, de um volumoso [ ou plantado ou comprado ], de uma certa quantidade de ração. Além disso precisamos seguir as orientações da casa da agricultura para as vacinas diversas, de possuir um conhecimento sobre saúde animal ou então contratar um veterinário, de mantermos nossa vaca e respectivo bezerro livres dos carrapatos, da tristeza, da mosca do chifre, etc.
É de se imaginar que tudo que foi citada deve ter algum custo. Podemos procurar no mercado, mas sempre teremos um valor a ser pago pelo quilo da ração, pelo aluguel do pasto, pelo medicamento e pela vacina, pelo preço da vaca.
Some se a isto as intempéries como a falta ou o excesso de chuva, a ocorrência de granizo ou de geadas. Pensemos ainda nas regulamentações que vão surgindo como o uso de balões refrigeradores, ordenhadeiras mecânicas, impostos novos.
Quando se faz a conta na ponta do lápis, tem se que o valor que se gasta para produzir o leite invariavelmente acaba ficando num valor próximo ao da venda. Em alguns meses, por imposição do mercado o preço que o produtor recebe acaba ficando abaixo do que se gasta para a produção do mesmo.
É justo um mercado onde se trabalha o mês inteiro, gasta-se um valor fixo [ funcionários, luz, óleo diesel, ração, medicamentos, vacinas, escritório] sem se saber qual vai ser o valor que vão pagar pelo litro do seu leite?
Aí vem aquela desculpa esfarrapada - ah! O mercado está ruim, estamos na safra e o preço precisa abaixar pois não há compradores suficientes.....-
E o coitado do produtor fica lá no seu canto torcendo para que no próximo mês o preço melhore para que ele possa saldar as suas dívidas.
Ele não pode parar, porque ou é o dono e sua renda vem daí, e a sua família precisa dela, ou então tem funcionários que dependem do retiro para sobreviver, e a sua desistência simplesmente irá largar mais um desempregado no país.
Fica então a pergunta.
Como é possível que uma garrafa de 300 ml de água possa custar mais do que 1 litro de leite?
Concordo que a água é um bem imprescindível. Mas ela não tem proteína, não tem vitaminas, não tem um custo de produção e nem de elaboração que tem o leite!
Algo muito errado está ocorrendo.
E a culpa é nossa mesmo. Pois continuamos a produzir o leite, aceitando a remuneração baixa, e aceitando o que a industria dos laticínios vivem dizendo - é.... o mercado não está comprador.... o preço do leite vai ter que baixar....
Não há justificativa no investimento para que produzamos mais e mais leite no país, se não existe o mercado consumidor. A desculpa é que em algumas épocas temos mais leite do que outras e por isto existe a variação brutal de preço.
Podemos até entender algum grau de variação. Mas está acontecendo um erro de planejamento. Se já sabemos que não vai haver mercado comprador, vamos então produzir menos leite, de modo que a demanda leve a um aumento do ser preço.
Se isto não acontecer, isto é o preço não subir pela falta de leite, significa realmente que estamos num mercado totalmente impróprio, e que devemos mesmo sair dele o mais rápido possível.
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1Produtor de leite em Promissão (SP)
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TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 14/02/2004

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 28/01/2004
Reforço suas posições, com as quais concordo plenamente, lembrando que assim - gerenciando a produção e a demanda - agem as empresas que controlam a produção de diamantes no mundo. Infelizmente no nosso caso, são os laticínios que detem o poder de barganha já que nós, produtores, somos muitos e desarticulados. Precisamos qe o Poder Público intervenha para assegurar nossos direitos e sobrevivência. Ficamos esperançosos, no ano ado, quando vimos muito barulho por todo o Brasil a respeito do assunto. Assistimos a criação de I´s; a pronunciamentos duros; a críticas contundentes, mas de prático continuamos aguardando as promessas. Cadê contrato de fornecimento com ajuste prévio dos preços? Cadê a fiscalização rigorosa das contabilidades dos laticínios? Cadê a atuação pró-ativa das "casa de agricultura" nos 3 níveis? Etc, etc,etc....
Nos resta buscar 3 objetivos: 1 - a união dos produtores a qualquer preço. 2 - dar ampla divulgação a estas práticas de abuso de poder econômico 3 - e o caminho da justiça. Sei que aponto caminhos longos, caros, cheio de defeitos e desvios, mas não vejo outra saída a não ser lutar para fazer valer nossos direitos.
R. Mandarino Jr

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 27/01/2004
Precisamos de uma grande mobilização de todos os produtores (pequenos, médios e grandes), com o objetivo único de romper o cartel do laticínios e outros compradores de leite que ditam o valor que querem pagar sem se preocupar com o custo de cada produtor, que infelizmente não podem aplicar a mesma regra para os seus fornecedores de
insumos, medicamentos , etc (estes sim fazem o seu preço).
Vamos citar um exemplo: a OPEP. Quando o preço do barril de petróleo um valor desfavorável, vários países de cultura, costumes e religiões diferentes, se unem e reduzem a oferta de óleo até que o mesmo alcance os valores desejaveis.
Não dá para entender como nós produtores até hoje não nos mobilizamos com o objetivo de MUDARMOS AS REGRAS DO JOGO!
Fica aqui a minha pergunta: será que o fabricante de embalagens do longa vida fica na mesma situação dos produtores aguardando que o laticínio determine o valor a ser pago pela embalagem?
André Rossi

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO
EM 26/01/2004
Fala-se muito da falta de união dos produtores... O problema é que, na maioria das vezes, quando há união e um movimento torne-se forte no Brasil, quem se beneficia dele são as pessoas que o coordenam, haja vista os vários casos de cooperativas onde os diretores enriquecem e a entidade vai falência.

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 26/01/2004
Cordialmente,
Ronaldo Augusto

MAJOR ISIDORO - ALAGOAS - EMPRESÁRIO
EM 24/01/2004

MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 24/01/2004

VALINHOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 24/01/2004
Nós somos o burro de carga desta história. Temos uma força enorme, mas não sabemos que temos. Se houvesse união da classe, poderíamos ter um peso maior nas decisões da cadeia láctea.
Egoístas que somos, trabalhamos cada por si, e somos presa fácil para os demais elos dessa cadeia.
Portanto, o produtor de leite tem sempre data certa para reclamar dos preços do leite, na safra, quando deveria haver um planejamento maior da classe, para fazer frente as adversidades, que cada ano tem nome novo para um mesmo problema.
Antonio Perozin
Vice-presidente da Leite São Paulo