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Devemos oportunizar ou suprimir a seleção de pasto?

Há um antigo dilema no manejo de pastagens sobre a questão da seletividade. Mas o que é mais eficiente: dar ou não, condições para que os animais selecionem?

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Há um antigo dilema no manejo de pastagens sobre a questão da seletividade. Por um lado, se argumenta que é mais vantajoso oportunizar condições para que os animais selecionem pasto; por outro, que é mais eficiente proporcionar o a pastagens homogêneas e evitar seleção. E, ainda, há quem considere a seletividade algo a ser evitado e defenda ser melhor aplicar técnicas que visem tornar os animais mais vorazes para suprimi-la.

Em um estudo recente realizado por professores da Facultad de Agronomía, Universidad de la Republica, no Uruguai, Menegazzi et. al, 2021, trouxeram resultados interessantes sobre o tema. O estudo avaliou o efeito de 3 alturas residuais em pastagens de festuca, representando altura residual baixa, média e alta: No outono-inverno, 6, 9 e 12 cm, respectivamente e, na primavera, 9, 12 e 15 cm. A altura de entrada na pastagem foi a mesma em todos os tratamentos e era definida pelo número de folhas da pastagem (3 folhas) e altura (18-20 cm). O experimento foi conduzido na Estação Experimental “Dr. Mario A. Cassinoni”, em Paysandú, com vacas holandesas em pastejo, durante outono-inverno e primavera. Na primavera, onde ocorreram as medições, não houve suplementação volumosa ou concentrada, para isolar o efeito do manejo do pasto

Pastejo mais intenso, menor consumo

Dentre os resultados, o consumo de matéria seca (MS) de pasto foi menor na menor altura residual (14,8 kg) enquanto nas alturas residuais média e alta, não houve diferença significativa em consumo de MS de pasto (ambos na faixa de 18 kg kg). Ou seja, quando forçados a rebaixar mais intensamente o pasto, o consumo de MS por animal foi prejudicado, em comparação aos rebaixamentos menores.

Mesmo consumo de pasto, mas produtividades diferentes

Mesmo com o consumo de MS similar entre os residuais alto e médio houve diferenças em produção de leite: na altura residual mais alta, as vacas produziram mais leite (quase 19 L/vaca/dia) do que na altura média (cerca de 16 L/vaca/dia). 

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Isso foi explicado pelo fato de que, com a altura residual mais alta, os animais tiveram mais oportunidade de selecionar pasto de maior qualidade, o que resultou em maior qualidade do pasto consumido e, consequentemente, maior conversão de matéria seca de pasto em produção de leite. 

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Note que, a produtividade alcançada no tratamento de maior intensidade (menor altura residual) foi de 13 L/vaca/dia, onde o consumo de MS também foi menor. 

pastejo

Maior seleção, maior produtividade

Com a diferença em produtividade mesmo quando o consumo de MS do pasto é igual, esse estudo reforça a tese de que quando as vacas podem selecionar o pasto que consomem, ingerem mais nutrientes e, com isso, produzem mais individualmente. Foi o que ocorreu quando o rebaixamento do pasto era menor, deixando mais sobra de pasto, no que é chamado por eles de "manejo laxo".

Avaliando também outros critérios discutidos no artigo, como frequência e duração das refeições de pastejo e períodos de ruminação, tempo diário de pastejo e ruminação, e além de ingestão de matéria seca e produção de leite, os cientistas ressaltaram que "o manejo “laxo” resultou em uma maior ingestão de nutrientes digestíveis e, portanto, maior produção de leite, alcançada por meio de adaptações comportamentais ao longo do processo de pastejo expressando maior seletividade.”

A implicação prática disso é que, ao trabalhar com residuais de pasto mais altos, que oportunizam a seleção, se eleva a produção individual dos animais em sistemas a pasto.

 

 

Referência

Menegazzi G, Giles PY, Oborsky M, Fast O, Mattiauda DA, Genro TCM and Chilibroste P (2021) Effect of Post-grazing Sward Height on Ingestive Behavior, Dry Matter Intake, and Milk Production of Holstein Dairy Cows. Front. Anim. Sci. 2:742685. doi: 10.3389/fanim.2021.74268

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Leandro Ebert
Gabriel Menegazzi

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Alfredis Nicolás López Dicurú
ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ

MANACAPURU - AMAZONAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2024

Sería muito interessante adicionar informações sobre tamanho dos piquetes ou tempo de permanência neles, em cada tratamento, já que, evidentemente são diferentes e podem agregar informações importantes para a execução pelos produtores de leite nas suas propriedades.
Também, vejo que o artigo pode ser resumido dizendo: "Manejo de desponte com vacas em lactação e ree com outras categorias, dá resultado". O que já é sabido há muito tempo.
Leandro Ebert
LEANDRO EBERT

JÚLIO DE CASTILHOS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/10/2024

Alfredis, obrigado pelo comentário!

Mas creio que você não tenha compreendido que a questão central do artigo, que deu diferença no resultado, não foi o tamanho ou tempo de permanência nos piquetes, tampouco um "manejo de desponte", mas sim, a oportunidade de os animais selecionarem mais o pasto. Isso é diferente de um "manejo de desponte", por que a profundidade dos bocados é semelhante em ambos os tratamentos, o desponte, portanto, seria o consumo de apenas essa primeira camada superficial (as pontas).

O que esse trabalho acrescenta, no entanto, é que, além do consumo apenas da camada superior, a oportunidade de o animal escolher onde alocar os bocados nessa camada, resulta em um consumo de pasto de qualidade superior que, consequentemente, levou a produtividade superior.

A questão dos tamanhos de piquetes e tempo de permanência neles será planejada em cada propriedade conforme o objetivo, portanto, para manejar a estrutura do pasto. Essas informações de condução do manejo servem apenas para explicar como eles fizeram nas condições do experimento e estão no artigo completo, mas não servem para orientar produtores na execução em suas propriedades, haja vista que não estamos falando de algo engessado, alguma receita ou protocolo, e sim de uma lógica de manejo. Essa discussão aqui, portanto, vem antes, para definir qual estrutura de pasto queremos ofertar para os animais consumirem.

Caso queira ar o artigo completo para ver mais informações sobre o assunto, ele está disponível no link: https://www.frontiersin.org/journals/animal-science/articles/10.3389/fanim.2021.742685/full
Alfredis Nicolás López Dicurú
EM RESPOSTA A LEANDRO EBERT ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ

MANACAPURU - AMAZONAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2024

Mas, se a altura de entrada em todos os tratamentos foi a mesma e você diz que a profundidade do bocado em todos os tratamentos também é semelhante, como se obtém então diferentes alturas residuais entre os tratamentos???
No artigo também se fala que os animais consumiram mais materia seca nos tratamentos com maior altura residual.... Cómo se explica isso a não ser com áreas maiores ou tempos de permanências menores (maior rotatividade dos piquetes)?
Finalmente, como os produtores de leite a pasto podem usar essa informação na prática diária dentro das suas propriedades?? Porque então, qué sentido faz???

Grato pelo construtivo!!
Leandro Ebert
EM RESPOSTA A ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ LEANDRO EBERT

JÚLIO DE CASTILHOS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/10/2024

Perfeito Alfredis, compreendo as tuas dúvidas. Vou responder os 3 pontos colocados:

1- A profundidade do bocado é a mesma, então para que as alturas residuais médias entre os tratamentos sejam diferentes, o percentual de plantas onde os animais alocam bocados é que é diferente. Na altura residual mais baixa, os animais dão bocados em mais plantas (selecionam menos) até que, na altura residual mais alta (mais sobra), os animais dão bocados em menos plantas, ou seja: podem selecionar mais (daí a diferença em produção com mesmo CMS).

2 - se consegue mais consumo de MS do que com maior rebaixamento devido à combinação dinâmica entre a intensidade de pastejo e a frequência. Em resíduos mais elevados, com mais sobra, o rebrote da planta é mais rápido, então, o intervalo para que o pasto retorne ao ponto de entrada é mais curto (para não ar do ponto. Assim, com intervalo entre pastejos menor, o número de divisões também pode ser menor (dividindo a área em menos piquetes, maiores). Dessa forma, temos o a uma área maior por dia. Assim, mesmo consumindo um extrato menor verticalmente, temos mais área de superfície por dia, o que não significa mais área de pasto no total, lembrando que a rotação é mais rápida com o rebrote mais acelerado. O tempo de ocupação também não necessariamente será mais curto, pois você pode disponibilizar uma área maior por dia.

3 - Acredito que até aqui tu já tenhas compreendido como podemos aplicar isso a campo. Temos aplicado a manejado pasto com residuais mais altos, permitindo seleção com resultados excelentes, concordando com resultados científicos como esse. Compreendendo essa dinâmica entre intensidade e frequência, é possível planejar o manejo para dar o a área maior por dia para permitir seleção, aumentando a velocidade da rotação (menos piquetes e maiores, portanto). A questão do tempo de ocupação e o número de piquetes será decidido com a propriedade/fazenda, pois isso pode ser feito a partir de várias combinações (1 piquete por dia, pra mais de um dias, mais de um piquete por dia...). O mais importante, então, é o controle da estrutura do pasto, mantendo o ponto de entrada e o residual almejado. O "sentido" da coisa é que, trabalhando com residual mais alto, permitindo seleção em vez de forçar o animal a rebaixar mais o pasto, o desempenho animal individual será maior!
Alfredis Nicolás López Dicurú
EM RESPOSTA A LEANDRO EBERT ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ

MANACAPURU - AMAZONAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2024

Ao aumentar a área disponível por día e permitindo ao animal selecionar sua dieta, espera-se que ao final do período de ocupação tenham ficado áreas sem pastejar, Certo?
Isso não vai criar uma desuniformidade cada vez maior do pasto dentro dos piquetes?
Com isso não seremos obrigados a fazer mais roçadas para concertar a estrutura do pasto?
Se não fizermos essas roçadas de uniformização, não estamos comprometendo o pastejo dos animais nas seguintes rodadas?
Finalmente, com a sua explicação entendo que o que faz aumentar o consumo de MS seja na realidade aumentar a oferta de pastagem, a traves de uma área maior por vaca/dia. A altura residual, que na verdade é uma media das alturas do pasto dentro do piquete (onde tem áreas pastejadas e áreas que não foram mexidas pelos animais), é apenas consequência desse aumento da oferta de pastagem/área para os animais.

Grato pela troca de opiniões!!
Leandro Ebert
EM RESPOSTA A ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ LEANDRO EBERT

JÚLIO DE CASTILHOS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2024

Legal Alfredis,

Sim, selecionar significa escolher e, consequentemente, deixar algo para trás. Esse artigo também registrou e discutiu a heterogeneidade formada pela seleção, apesar de não ser objeto de estudo nesse caso. O interessante é que, a heterogeneidade é uma forma de proporcionar condições de seleção. Se você fizer roçadas e unifmormizar a pastagem, estará diminuindo o efeito da seleção dos animais, portanto, por atenuar as diferenças de altura (que é um dos ou o principal critério de seleção dentro de uma área). Logo, a roçada é indesejada e, só será necessária caso erre o ponto de entrada pela altura média, que prejudique o consumo.

Nessa mesma lógica de que, se o pasto ar da altura média de entrada, o consumo será prejudicado, é que se explica porque apenas aumentar a oferta de forragem não aumenta necessariamente o consumo de MS. Perceba que, sendo oferta de forragem uma relação entre a massa de forragem por animal, você pode também aumentar a OF apenas deixando o pasto ar do ponto e ofertando pasto mais alto (que tem mais massa de forragem), bem como, aumentando a área ou diminuindo lotação com pasto pequeno (de menor massa de forragem), que ainda não chegou no ponto. A dinâmica dos bocados, apreensão de forragem, taxa de ingestão, altura residual etc. serão bem diferentes em todos esses casos e, mesmo com mesma oferta de forragem, o CMS tende a ser menor do que na estrutura adequada. Por isso que, recomendar uma estrutura para o ponto de entrada e um nível de rebaixamento, se torna mais apropriado para evitar confusões de ajuste de oferta de forragem que ofereçam pasto em estrutuas não ideais.

Esses fatores explicam porque a pesquisa e as recomendações científicas evoluíram de recomendar determinado nível de oferta de forragem para estrutura do pasto (nº de folhas como no exemplo do estudo no uruguai ou altura em cm como trabalhamos aqui no BR).
Qual a sua dúvida hoje?

Devemos oportunizar ou suprimir a seleção de pasto?

Há um antigo dilema no manejo de pastagens sobre a questão da seletividade. Mas o que é mais eficiente: dar ou não, condições para que os animais selecionem?

Publicado por: e

Publicado em: - 3 minutos de leitura

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Há um antigo dilema no manejo de pastagens sobre a questão da seletividade. Por um lado, se argumenta que é mais vantajoso oportunizar condições para que os animais selecionem pasto; por outro, que é mais eficiente proporcionar o a pastagens homogêneas e evitar seleção. E, ainda, há quem considere a seletividade algo a ser evitado e defenda ser melhor aplicar técnicas que visem tornar os animais mais vorazes para suprimi-la.

Em um estudo recente realizado por professores da Facultad de Agronomía, Universidad de la Republica, no Uruguai, Menegazzi et. al, 2021, trouxeram resultados interessantes sobre o tema. O estudo avaliou o efeito de 3 alturas residuais em pastagens de festuca, representando altura residual baixa, média e alta: No outono-inverno, 6, 9 e 12 cm, respectivamente e, na primavera, 9, 12 e 15 cm. A altura de entrada na pastagem foi a mesma em todos os tratamentos e era definida pelo número de folhas da pastagem (3 folhas) e altura (18-20 cm). O experimento foi conduzido na Estação Experimental “Dr. Mario A. Cassinoni”, em Paysandú, com vacas holandesas em pastejo, durante outono-inverno e primavera. Na primavera, onde ocorreram as medições, não houve suplementação volumosa ou concentrada, para isolar o efeito do manejo do pasto

Pastejo mais intenso, menor consumo

Dentre os resultados, o consumo de matéria seca (MS) de pasto foi menor na menor altura residual (14,8 kg) enquanto nas alturas residuais média e alta, não houve diferença significativa em consumo de MS de pasto (ambos na faixa de 18 kg kg). Ou seja, quando forçados a rebaixar mais intensamente o pasto, o consumo de MS por animal foi prejudicado, em comparação aos rebaixamentos menores.

Mesmo consumo de pasto, mas produtividades diferentes

Mesmo com o consumo de MS similar entre os residuais alto e médio houve diferenças em produção de leite: na altura residual mais alta, as vacas produziram mais leite (quase 19 L/vaca/dia) do que na altura média (cerca de 16 L/vaca/dia). 

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Isso foi explicado pelo fato de que, com a altura residual mais alta, os animais tiveram mais oportunidade de selecionar pasto de maior qualidade, o que resultou em maior qualidade do pasto consumido e, consequentemente, maior conversão de matéria seca de pasto em produção de leite. 

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Note que, a produtividade alcançada no tratamento de maior intensidade (menor altura residual) foi de 13 L/vaca/dia, onde o consumo de MS também foi menor. 

pastejo

Maior seleção, maior produtividade

Com a diferença em produtividade mesmo quando o consumo de MS do pasto é igual, esse estudo reforça a tese de que quando as vacas podem selecionar o pasto que consomem, ingerem mais nutrientes e, com isso, produzem mais individualmente. Foi o que ocorreu quando o rebaixamento do pasto era menor, deixando mais sobra de pasto, no que é chamado por eles de "manejo laxo".

Avaliando também outros critérios discutidos no artigo, como frequência e duração das refeições de pastejo e períodos de ruminação, tempo diário de pastejo e ruminação, e além de ingestão de matéria seca e produção de leite, os cientistas ressaltaram que "o manejo “laxo” resultou em uma maior ingestão de nutrientes digestíveis e, portanto, maior produção de leite, alcançada por meio de adaptações comportamentais ao longo do processo de pastejo expressando maior seletividade.”

A implicação prática disso é que, ao trabalhar com residuais de pasto mais altos, que oportunizam a seleção, se eleva a produção individual dos animais em sistemas a pasto.

 

 

Referência

Menegazzi G, Giles PY, Oborsky M, Fast O, Mattiauda DA, Genro TCM and Chilibroste P (2021) Effect of Post-grazing Sward Height on Ingestive Behavior, Dry Matter Intake, and Milk Production of Holstein Dairy Cows. Front. Anim. Sci. 2:742685. doi: 10.3389/fanim.2021.74268

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Alfredis Nicolás López Dicurú
ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ

MANACAPURU - AMAZONAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2024

Sería muito interessante adicionar informações sobre tamanho dos piquetes ou tempo de permanência neles, em cada tratamento, já que, evidentemente são diferentes e podem agregar informações importantes para a execução pelos produtores de leite nas suas propriedades.
Também, vejo que o artigo pode ser resumido dizendo: "Manejo de desponte com vacas em lactação e ree com outras categorias, dá resultado". O que já é sabido há muito tempo.
Leandro Ebert
LEANDRO EBERT

JÚLIO DE CASTILHOS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/10/2024

Alfredis, obrigado pelo comentário!

Mas creio que você não tenha compreendido que a questão central do artigo, que deu diferença no resultado, não foi o tamanho ou tempo de permanência nos piquetes, tampouco um "manejo de desponte", mas sim, a oportunidade de os animais selecionarem mais o pasto. Isso é diferente de um "manejo de desponte", por que a profundidade dos bocados é semelhante em ambos os tratamentos, o desponte, portanto, seria o consumo de apenas essa primeira camada superficial (as pontas).

O que esse trabalho acrescenta, no entanto, é que, além do consumo apenas da camada superior, a oportunidade de o animal escolher onde alocar os bocados nessa camada, resulta em um consumo de pasto de qualidade superior que, consequentemente, levou a produtividade superior.

A questão dos tamanhos de piquetes e tempo de permanência neles será planejada em cada propriedade conforme o objetivo, portanto, para manejar a estrutura do pasto. Essas informações de condução do manejo servem apenas para explicar como eles fizeram nas condições do experimento e estão no artigo completo, mas não servem para orientar produtores na execução em suas propriedades, haja vista que não estamos falando de algo engessado, alguma receita ou protocolo, e sim de uma lógica de manejo. Essa discussão aqui, portanto, vem antes, para definir qual estrutura de pasto queremos ofertar para os animais consumirem.

Caso queira ar o artigo completo para ver mais informações sobre o assunto, ele está disponível no link: https://www.frontiersin.org/journals/animal-science/articles/10.3389/fanim.2021.742685/full
Alfredis Nicolás López Dicurú
EM RESPOSTA A LEANDRO EBERT ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ

MANACAPURU - AMAZONAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2024

Mas, se a altura de entrada em todos os tratamentos foi a mesma e você diz que a profundidade do bocado em todos os tratamentos também é semelhante, como se obtém então diferentes alturas residuais entre os tratamentos???
No artigo também se fala que os animais consumiram mais materia seca nos tratamentos com maior altura residual.... Cómo se explica isso a não ser com áreas maiores ou tempos de permanências menores (maior rotatividade dos piquetes)?
Finalmente, como os produtores de leite a pasto podem usar essa informação na prática diária dentro das suas propriedades?? Porque então, qué sentido faz???

Grato pelo construtivo!!
Leandro Ebert
EM RESPOSTA A ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ LEANDRO EBERT

JÚLIO DE CASTILHOS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/10/2024

Perfeito Alfredis, compreendo as tuas dúvidas. Vou responder os 3 pontos colocados:

1- A profundidade do bocado é a mesma, então para que as alturas residuais médias entre os tratamentos sejam diferentes, o percentual de plantas onde os animais alocam bocados é que é diferente. Na altura residual mais baixa, os animais dão bocados em mais plantas (selecionam menos) até que, na altura residual mais alta (mais sobra), os animais dão bocados em menos plantas, ou seja: podem selecionar mais (daí a diferença em produção com mesmo CMS).

2 - se consegue mais consumo de MS do que com maior rebaixamento devido à combinação dinâmica entre a intensidade de pastejo e a frequência. Em resíduos mais elevados, com mais sobra, o rebrote da planta é mais rápido, então, o intervalo para que o pasto retorne ao ponto de entrada é mais curto (para não ar do ponto. Assim, com intervalo entre pastejos menor, o número de divisões também pode ser menor (dividindo a área em menos piquetes, maiores). Dessa forma, temos o a uma área maior por dia. Assim, mesmo consumindo um extrato menor verticalmente, temos mais área de superfície por dia, o que não significa mais área de pasto no total, lembrando que a rotação é mais rápida com o rebrote mais acelerado. O tempo de ocupação também não necessariamente será mais curto, pois você pode disponibilizar uma área maior por dia.

3 - Acredito que até aqui tu já tenhas compreendido como podemos aplicar isso a campo. Temos aplicado a manejado pasto com residuais mais altos, permitindo seleção com resultados excelentes, concordando com resultados científicos como esse. Compreendendo essa dinâmica entre intensidade e frequência, é possível planejar o manejo para dar o a área maior por dia para permitir seleção, aumentando a velocidade da rotação (menos piquetes e maiores, portanto). A questão do tempo de ocupação e o número de piquetes será decidido com a propriedade/fazenda, pois isso pode ser feito a partir de várias combinações (1 piquete por dia, pra mais de um dias, mais de um piquete por dia...). O mais importante, então, é o controle da estrutura do pasto, mantendo o ponto de entrada e o residual almejado. O "sentido" da coisa é que, trabalhando com residual mais alto, permitindo seleção em vez de forçar o animal a rebaixar mais o pasto, o desempenho animal individual será maior!
Alfredis Nicolás López Dicurú
EM RESPOSTA A LEANDRO EBERT ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ

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EM 09/10/2024

Ao aumentar a área disponível por día e permitindo ao animal selecionar sua dieta, espera-se que ao final do período de ocupação tenham ficado áreas sem pastejar, Certo?
Isso não vai criar uma desuniformidade cada vez maior do pasto dentro dos piquetes?
Com isso não seremos obrigados a fazer mais roçadas para concertar a estrutura do pasto?
Se não fizermos essas roçadas de uniformização, não estamos comprometendo o pastejo dos animais nas seguintes rodadas?
Finalmente, com a sua explicação entendo que o que faz aumentar o consumo de MS seja na realidade aumentar a oferta de pastagem, a traves de uma área maior por vaca/dia. A altura residual, que na verdade é uma media das alturas do pasto dentro do piquete (onde tem áreas pastejadas e áreas que não foram mexidas pelos animais), é apenas consequência desse aumento da oferta de pastagem/área para os animais.

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Leandro Ebert
EM RESPOSTA A ALFREDIS NICOLÁS LÓPEZ DICURÚ LEANDRO EBERT

JÚLIO DE CASTILHOS - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2024

Legal Alfredis,

Sim, selecionar significa escolher e, consequentemente, deixar algo para trás. Esse artigo também registrou e discutiu a heterogeneidade formada pela seleção, apesar de não ser objeto de estudo nesse caso. O interessante é que, a heterogeneidade é uma forma de proporcionar condições de seleção. Se você fizer roçadas e unifmormizar a pastagem, estará diminuindo o efeito da seleção dos animais, portanto, por atenuar as diferenças de altura (que é um dos ou o principal critério de seleção dentro de uma área). Logo, a roçada é indesejada e, só será necessária caso erre o ponto de entrada pela altura média, que prejudique o consumo.

Nessa mesma lógica de que, se o pasto ar da altura média de entrada, o consumo será prejudicado, é que se explica porque apenas aumentar a oferta de forragem não aumenta necessariamente o consumo de MS. Perceba que, sendo oferta de forragem uma relação entre a massa de forragem por animal, você pode também aumentar a OF apenas deixando o pasto ar do ponto e ofertando pasto mais alto (que tem mais massa de forragem), bem como, aumentando a área ou diminuindo lotação com pasto pequeno (de menor massa de forragem), que ainda não chegou no ponto. A dinâmica dos bocados, apreensão de forragem, taxa de ingestão, altura residual etc. serão bem diferentes em todos esses casos e, mesmo com mesma oferta de forragem, o CMS tende a ser menor do que na estrutura adequada. Por isso que, recomendar uma estrutura para o ponto de entrada e um nível de rebaixamento, se torna mais apropriado para evitar confusões de ajuste de oferta de forragem que ofereçam pasto em estrutuas não ideais.

Esses fatores explicam porque a pesquisa e as recomendações científicas evoluíram de recomendar determinado nível de oferta de forragem para estrutura do pasto (nº de folhas como no exemplo do estudo no uruguai ou altura em cm como trabalhamos aqui no BR).
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