Mais imposto, nenhum corte de gastos
No dia 22 de maio de 2025, em meio a um cenário fiscal frágil, o governo anunciou o aumento do IOF, com expectativa de arrecadar R$?20,5 bilhões — o mercado reagiu mal. Diante da pressão, optou por mudar o foco: em 9 de junho, o Governo publicou nova Medida Provisória (MP) que tributa instrumentos antes isentos — LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas — além de unificar o Imposto de Renda em aplicações financeiras, elevar a CSLL e ajustar o IOF.
Taxar crédito e investimento é mirar no alvo errado.
Essa escolha mostra que o foco atual do Governo é buscar mais arrecadação para bancar uma máquina pública pesada. Em vez de cortar gastos, estamos encarecendo instrumentos que viabilizam o financiamento da economia real, atingindo setores estratégicos como o agronegócio, setor imobiliário e infraestrutura.
O resultado? Mais incerteza, inflação persistente e juros altos por mais tempo.
Sem ajuste fiscal, o Brasil pode travar
Acredito que a abordagem de ajustar o fiscal apenas do lado da receita, aumentando impostos, pode minar a confiança no país e nos afastar do crescimento sustentável. O poder de compra da população cai, a inadimplência aumenta e a economia desacelera. Sem reformas nos gastos públicos, fica mais difícil que ocorra queda de juros — e o crédito, essencial para girar a economia, deve ficar mais caro e escasso.
É um ciclo perverso que pode ser revertido com cortes e reformas no gasto público. O Brasil precisa de estabilidade, previsibilidade e reformas estruturantes.
Próximos os da Medida Provisória
A Medida Provisória já está em vigor desde 9 de Junho. Agora precisa ser aprovada pelo Congresso em até 60 dias (prorrogáveis por mais 60). Primeiro a por uma comissão mista (deputados e senadores), depois vai a voto na Câmara e no Senado. Se não for aprovada ou convertida em lei neste prazo, a MP perde validade e os efeitos podem ser revertidos. Ou seja: ainda há risco de revisão ou reversão em função da pressão política e reação do mercado.
O que muda com a Medida Provisória Anunciada
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Imposto de Renda de 5% sobre novas emissões de LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas a partir de 1º de janeiro de 2026.
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Títulos emitidos até 31 de Dezembro de 2025 permanecem isentos
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Alíquota unificada de Imposto de Renda sobre aplicações financeiras:
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Proposta é que haja cobrança única de 17,5% vs. a escada atual que varia entre 15% e 22,5%
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CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) a alíquota mínima para instituições financeiras sobe de 9% para 15%.
A CSLL é um tributo federal cobrado sobre o lucro das empresas, além do IRPJ. Ao aumentar essa alíquota, o governo aumenta diretamente o custo de operação das instituições financeiras.
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IOF recalibrado, buscando alinhar alíquotas ao risco das operações
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Operações de Capital de Giro: Retorno à regra prévia de 0,38% fixo + 0,0082% ao dia
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Redução de 80% no IOF em operações de risco sacado
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Bets: alíquota sobe de 12% para 18% sobre o faturamento bruto
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Previdência VGBL: IOF de 5% apenas para aportes anuais acima de R$600mil por ano vs. R$50 mil por mês anteriormente
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FIDCs: potencial aplicação de uma alíquota mínima de IOF sobre os FIDCs
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Investimentos estrangeiros: isenção no retorno de investimentos estrangeiros
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Impacto no Agronegócio: o que muda na prática?
LCAs e CRAs são instrumentos-chave para o financiamento do agro (assim como LCI e CRi são instrumentos para financiamento do setor imobiliário).
Funciona assim:
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Bancos e financeiras emitem LCAs e CRAs no mercado para captar dinheiro dos investidores
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Com esse dinheiro, as instituições financeiras financiam produtores, cooperativas e empresas da cadeia do agro
Ou seja, essas letrinhas, LCAs e CRAs, são o “combustível” do crédito agrícola.
Com a nova tributação de 5% a partir de 2026, os investidores vão exigir retornos maiores nesses papéis para compensar o imposto — encarecendo a captação dos bancos e, por consequência, elevando os juros para quem toma crédito na ponta. O aumento da CSLL também pressiona os custos das instituições financeiras, que devem rear essa alta para a ponta.
Resultado: juros maiores para o produtor e crédito mais seletivo e difícil, especialmente para operações de médio e longo prazo.
E o Plano Safra 2025/2026?
O governo manteve os mesmos R$ 15 bilhões de orçamento para equalização de juros do Plano Safra. Mas isso não significa estabilidade.
Com a Selic média atual (até Maio) bem mais alta em 2025 do que no ano anterior (14,1% média em 2025 vs. 11,0% em 2024), esse mesmo orçamento “compra” menos juros subsidiados — ou seja, consegue atender um número muito menor de produtores.
Isso significa que o crédito subsidiado, como já havíamos discutido em outro artigo:
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O crédito subsidiado deve acabar mais cedo, como já vimos em anos anteriores;
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A prioridade deverá continuar sendo a agricultura familiar, não os produtores empresariais
Para a agricultura empresarial e para o leite, na prática, o Plano Safra vai continuar encolhendo enquanto o cenário macroeconômico permanecer assim.
Sou Produtor. E agora?
Em momentos difíceis, muitos produtores recuam. Evitam investir, esperam a tempestade ar. Mas é justamente nesses momentos que surgem as maiores oportunidades — para quem segue investindo com estratégia, gestão eficiente e visão de longo prazo.
Produtores que continuam investindo em genética, conforto, manejo e tecnologia se diferenciam no mercado enquanto os demais estacionam. Mesmo com juros mais altos, deixar de investir no que dá retorno real pode custar muito mais.
Quem avança agora, colhe mais quando o ciclo virar.
Como a MilkPoint Capital pode ajudar
O contínuo aumento de tributos e a ausência de reformas estruturantes deixam claro: o tempo do crédito farto acabou. Agora, é hora de agir com inteligência, planejamento e o aos parceiros certos.
A MilkPoint Capital nasceu para apoiar o produtor nesse novo cenário — com estratégia, crédito e visão de longo prazo.
O que entregamos:
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Crédito estruturado, com condições realistas e viáveis mesmo fora das linhas públicas;
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Planejamento financeiro para investimentos que fazem sentido no campo e no papel;
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Apoio técnico para montar projetos com clareza de retorno e viabilidade;
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Conexão direta com fundos, bancos e investidores, com negociações conduzidas por quem entende do agro e da Faria Lima..
Com o cenário travado, quem para fica para trás. Quem age com critério, lidera a próxima virada.
Se você quer entender como ar crédito, montar um projeto bem estruturado ou se posicionar melhor neste novo ciclo, fale com a gente.
A MilkPoint Capital está aqui para transformar esse cenário desafiador em oportunidade real para quem produz com visão.