A produção de bovinos integra as discussões sobre os principais emissores de gases de efeito estufa (GEEs), com destaque para o metano (CH4), um dos gases com maior potencial de aquecimento global.
Em 2023, o setor registrou o quarto recorde consecutivo de emissões, com alta de 2,2%, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
Buscando contribuir com uma agropecuária mais sustentável, no cumprimento das metas do Plano Estadual de Ação Climática (PLAC) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, o Governo de Minas Gerais, por meio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) está buscando alternativas para reduzir a emissão de metano entérico na bovinocultura e promover o sequestro de carbono por meio de sistemas integrados.
Dietas sustentáveis para reduzir emissões de metano
Uma das linhas de pesquisa, conduzidas no Campo Experimental Getúlio Vargas da EPAMIG de Uberaba, liderada pela coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Bovinocultura da EPAMIG, Edilane Silva, estuda dietas manipuladas para bovinos.
“Buscamos atuar na fermentação entérica, processo digestivo natural dos ruminantes. O objetivo é aumentar a digestibilidade da dieta, reduzindo o tempo do alimento no rúmen, o que eleva a eficiência produtiva e diminui a liberação de metano”, explica Edilane.
“Estudamos leguminosas como o amendoim forrageiro (Arachis pintoi), que possui alto teor de proteína e taninos capazes de inibir bactérias metanogênicas, sem comprometer a produção. Resultados disponíveis já indicaram redução de até 30% nas emissões de metano”, complementa Ângelo Moreira, pesquisador da EPAMIG diretamente envolvido na condução do experimento.
Condução do experimento com mudas de amendoim – FOTO ASCOM EPAMIG
Visando a aplicabilidade dos estudos, a EPAMIG firmou parceria com o Grupo Agronelli, empresa mineira que tem como uma das principais atividades a produção de leite e se destaca pela adoção de tecnologias modernas voltadas à sustentabilidade e à proteção ambiental.
“Estamos buscando soluções para uma produção mais equilibrada e sustentável. Juntos, vamos contribuir para um balanço de emissões mais favorável e demonstrar que é possível produzir com responsabilidade ambiental”, explica José Bellote, diretor agroindustrial da Agronelli, pontuando a importância da pesquisa para desmistificar a imagem da agropecuária como vilã das mudanças climáticas.
“Como possuem fazendas de grande porte, os resultados poderão ser avaliados em larga escala. É um exemplo de pesquisa aplicada, sendo executado em um ambiente produtivo real, o que possibilita os demais produtores de leite observarem os efeitos da adequação da dieta in loco”, denota Edilane.
O projeto, que contempla rebanhos de leite, será difundido entre os produtores rurais com apoio de instituições parceiras. A pesquisa contribui diretamente com os compromissos do Governo de Minas junto ao PLAC, que prevê a redução de 36% nas emissões de metano da pecuária até 2030, em relação à década anterior.
Sistemas integrados
A EPAMIG também atua com sistemas integrados de produção que favorecem a o acúmulo de biomassa vegetal, sequestrando carbono da atmosfera.
“Implantamos os sistemas integrados em uma área cultivada com capim-marandu há mais de 25 anos. O modelo ILPF, que combina milho, forrageiras e espécies florestais como o Corymbia citriodora, proporciona maior eficiência no uso da água e dos fertilizantes. Com isso, conseguimos converter uma área de emissão líquida em uma área de sequestro de carbono, tornando o sistema produtivo mais resiliente”, explica Fernando Oliveira Franco, chefe da EPAMIG Oeste.
Apoio
As pesquisas contam com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) como principal fonte financiadora, além do apoio de instituições como a Emater-MG, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar, a Finep, o CNPq, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS Cerrado), entre outras.
As informações são da Epamig.