A produção de leite na China caiu no ano ado pela primeira vez em cinco anos, após um período de crescimento constante, à medida que as mudanças nas preferências dos consumidores superam a capacidade da indústria de se adaptar. Segundo especialistas do setor, a chave para reverter essa tendência está em reduzir a distância entre os produtos lácteos tradicionais e as exigências em constante evolução dos consumidores modernos.
Queda na produção e lucros sinaliza preferência por lácteos e funcionais
A produção de leite fluido na China recuou 2,8% no ano ado em relação ao ano anterior, totalizando 27,4 milhões de toneladas, de acordo com dados da Associação da Indústria de Laticínios da China. Antes disso, a produção vinha crescendo mais de 2% ao ano nos últimos cinco anos.
Produtores de laticínios de médio e grande porte em todo o país registraram uma queda de 1,9% na produção total de derivados lácteos em 2024, em comparação com o ano anterior, somando 29,6 milhões de toneladas, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas. Trata-se do primeiro crescimento negativo em anos recentes, em forte contraste com 2022 e 2023, quando a produção aumentou 2% e 3,1%, respectivamente.
Essa queda afetou as receitas. As três maiores empresas do setor — Yili Group, Mengniu Dairy e Bright Dairy — registraram queda nos lucros entre 8% e 10% no ano ado, em relação ao ano anterior. A Yili teve receita de CNY 115,8 bilhões (USD 16 bilhões), a Mengniu reportou CNY 88,7 bilhões (USD 12,3 bilhões) e a Bright Dairy registrou CNY 24,3 bilhões (USD 3,4 bilhões).
Segundo Liu Jiangyi, presidente da Associação da Indústria de Laticínios da China, há duas razões principais para essa queda, conforme destacou na reunião anual da associação realizada recentemente em Nanjing. Primeiro, o ambiente econômico complexo, tanto doméstico quanto internacional, levou a uma desaceleração no consumo. Segundo, o mercado reflete uma queda na demanda por leite comum e uma crescente dependência de produtos lácteos importados.
Por muito tempo, a indústria de laticínios da China foi dominada por diferentes tipos de leite fluido, mas o consumo agora está em declínio. No ano ado, o consumo médio per capita de laticínios na China foi de 41,5 quilos, uma queda de 5,6% em relação ao ano anterior.
Indústria chinesa aposta em inovação e saúde para impulsionar setor lácteo
As importações de leite fluido e leite fermentado também estão em queda. No entanto, as importações de itens de maior valor agregado, como creme de leite, leite condensado e proteína do soro do leite, estão aumentando. Por exemplo, as importações de creme cresceram 9% no ano ado, alcançando 290 mil toneladas.
O setor lácteo está ando por uma transformação completa, afirmou Wang Hua, gerente de marketing da empresa sueca de embalagens alimentícias Tetra Pak, durante o evento. O hábito de fazer lanches está em ascensão e impulsiona a demanda por queijos prontos para consumo. O boom do mercado fitness também está estimulando o interesse por suplementos proteicos e produtos voltados para o controle de peso.
Com a desaceleração nas vendas de leite, mais empresas de laticínios estão aumentando os investimentos no setor de saúde e nutrição. A Bright Dairy, bem como a Yili e a Mengniu (com sede em Hohhot), afirmaram em suas últimas teleconferências de resultados que pretendem focar mais em produtos funcionais e no processamento avançado de laticínios daqui para frente.
A inovação futura deve girar em torno de três objetivos principais, disse Liu Zhenmin, cientista-chefe da Bright Dairy, com sede em Xangai, ao portal Yicai: desenvolver probióticos voltados a necessidades específicas de saúde, aprofundar as pesquisas sobre nutrição láctea e criar produtos lácteos funcionais focados no envelhecimento saudável. Em sua visão, atender às necessidades nutricionais da população idosa da China pode abrir um novo e vasto mercado, demonstrando o grande potencial dos produtos voltados à promoção de um envelhecimento saudável.
As informações são do Yicai Global.