O agronegócio dos Estados Unidos depende fortemente da mão de obra imigrante, especialmente na produção de culturas e no processamento de alimentos. Grande parte desses trabalhadores atua sem documentação legal, o que torna o setor vulnerável a mudanças na política migratória do país. Desde janeiro, o governo vinha promovendo uma ofensiva com o objetivo de deportar 1 milhão de imigrantes ainda neste ano, mas o setor agrícola estava sendo poupado das ações mais duras.
Batidas policiais atingem diretamente a agricultura
Na última terça-feira (10), esse cenário mudou. Agentes da Imigração e Alfândega (ICE) realizaram operações em diversas regiões produtoras do país, retirando dezenas de trabalhadores de campos e unidades de embalagem na Califórnia, além de uma fazenda de laticínios no Novo México e um frigorífico em Omaha, Nebraska.
A intensificação das ações levou pânico a comunidades rurais e empresas que dependem desses trabalhadores. Mesmo empregadores que alegam estar cumprindo a legislação se viram afetados pelas operações.
Setor corre risco de colapso produtivo
Estudos apontam que uma deportação em massa de imigrantes pode causar perdas de US$ 30 a US$ 60 bilhões à produção agrícola, além de provocar escassez e aumento nos preços dos alimentos.
Em estados como Wisconsin e Dakota do Sul, onde cerca de 70% da mão de obra nas fazendas leiteiras é imigrante, a retirada desse contingente comprometeria toda a produção de leite. A dependência da mão de obra estrangeira também se estende a setores como embalagem, distribuição e serviços alimentícios, incluindo restaurantes.
Impactos sociais e políticos das deportações
A resposta de autoridades locais às ações federais foi imediata. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, junto com prefeitos de diversos municípios, está tentando barrar o uso de forças militares nas operações de imigração e entrou na justiça federal contra as medidas. O clima é de insegurança em comunidades rurais, com protestos e temor generalizado.
Alternativas legais são limitadas
Uma das alternativas mais discutidas para contornar a crise é a ampliação do programa H-2A, que concede vistos temporários para trabalhadores agrícolas. No entanto, o modelo é considerado insuficiente para a demanda atual e enfrenta desafios de estrutura e controle.
Outra opção seria a aprovação do projeto de lei Farm Workforce Modernization Act, que propõe regularizar trabalhadores agrícolas que já vivem nos EUA. O projeto, porém, está parado no Congresso e encontra resistências políticas.
Agricultura sob risco, segurança alimentar ameaçada
Segundo o USDA, cerca de 2,6 milhões de pessoas trabalham diretamente em fazendas nos EUA, o que representa 1,2% da força de trabalho nacional. Se forem considerados os setores relacionados, o número salta para 22,1 milhões de empregos, ou 10,4% do total.
A instabilidade migratória pode desestabilizar toda a cadeia alimentar, da produção ao consumo, provocando efeitos em cascata sobre o abastecimento, os preços e a economia rural.
As informações são da Forbes.