No coração dos Estados Unidos, uma revolução leiteira está em plena ascensão. A migração contínua de laticínios para a região central do país representa tanto um desafio quanto uma oportunidade para o setor. Gregg Doud, presidente e CEO da National Milk Producers Federation (NMPF), destaca os obstáculos logísticos enfrentados pelos produtores do oeste, onde as ferrovias dificultam o transporte de commodities. Apesar dessas dificuldades, a região central — especialmente nos arredores de Amarillo, no Texas — está vivenciando um crescimento expressivo.
“Se você traçar um raio de 300 milhas (482,8 quilômetros) ao redor de Amarillo, Texas, hoje, são 1.100 cargas de leite por dia”, explicou Doud durante a Western Dairy Management Conference de 2025, realizada em Reno, Nevada, projetando ainda que esse número esteja mais próximo de 1.500 cargas.
Cultivando novas oportunidades
Os produtores não estão focados apenas no leite — estão expandindo estrategicamente a produção de forragens no sudoeste do Kansas, oeste de Nebraska e Panhandle do Texas. Como observa Doud: “Eles precisam cultivar mais forragens e importar o milho de estados vizinhos.”
Essa estratégia não apenas fortalece a economia local, mas também prepara o terreno para a expansão mais ampla da indústria de pecuária nessas regiões. O futuro da indústria leiteira está sendo semeado hoje, com foco no aumento da produção e na sustentabilidade.
“É aí que vejo o futuro da indústria de laticínios”, afirma ele.
Investindo em infraestrutura
Michael Dykes, presidente e CEO da International Dairy Foods Association (IDFA), compartilha uma visão otimista sobre o rumo do setor, impulsionado por mais de 8 bilhões de dólares em investimentos em infraestrutura de processamento. Ele enfatiza não apenas o valor nutricional dos produtos lácteos, mas também a adaptabilidade e engenhosidade dos produtores norte-americanos.
“Nunca subestime o produtor de leite americano”, insiste Dykes. “Se houver demanda por leite, os produtores vão produzir.”
Desafios e perspectivas globais
Doud chama atenção para a economia em declínio da China e para a queda na demanda por laticínios. Há apenas cinco anos, metade dos produtos lácteos da Nova Zelândia era exportada para a China, mas, devido ao crescimento econômico lento e à redução da renda disponível, essa realidade mudou.
“O consumo per capita na China não é exatamente real”, observa ele, apontando essa tendência como uma possível preocupação para a demanda global.
A esfera econômica dos laticínios
Dentro das fronteiras dos EUA, a indústria de laticínios está redefinindo seu potencial econômico.
“O momento dos lácteos é agora”, declara Doud.
Para além do pagamento pelo leite, o setor está descobrindo novas fontes de receita. Um destaque especial é o valor representado pelos bezerros resultantes do cruzamento com raças de corte: de 800 a 900 dólares por um bezerro preto com apenas um dia de vida.
“É um valor enorme”, observa Doud, ressaltando a natureza dinâmica e as possibilidades econômicas íveis aos produtores de leite hoje em dia.
A indústria de laticínios dos Estados Unidos está em um ponto de inflexão, fortalecida por investimentos estratégicos e práticas agrícolas resilientes. Apesar dos desafios globais, o coração do setor continua pulsando fortemente, movido pela inovação e pela crença inabalável no potencial dos produtores americanos. Ao olhar para o futuro, a adaptabilidade e a visão do setor leiteiro revelam não apenas uma história de sobrevivência, mas de prosperidade diante das adversidades.
As informações são do Dairy Herd Management.